Diante do perigo de guerra entre EUA e Coréia do Norte, ONG que defende o fim das armas nucleares ganha o Prêmio Nobel da Paz de 2017

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Anunciado em 6 de Outubro, e concorrendo com mais de 300 candidatos, a Campanha para Abolição de armas nucleares (ICAN, sigla em inglês) foi a ganhadora do Nobel da Paz depois de impulsionar um tratado de proibição de armas nucleares assinado por 122 países em Julho (http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,campanha-internacional-para-a-abolicao-das-armas-nucleares-ganha-nobel-da-paz-2017,70002030056).


Em Setembro, durante a assembleia da ONU, o Brasil foi o primeiro pais a ratificar o tratado, que agora será encaminhado para o Congresso Nacional aprová-lo. (https://www.cartacapital.com.br/internacional/o-tratado-que-veta-armas-nucleares-vai-nos-proteger-da-bomba-atomica).

O Nobel da PAZ dado à ICAN possui um objetivo político claro: denunciar a cada vez maior possibilidade de uma guerra entre EUA e Coréia do Norte, com o provável uso de armas nucleares que poderá destruir a vida de dezenas de milhões de pessoas em poucos tempo de combate. Uma guerra entre esses países também pode se tornar uma guerra mundial.

Porém, não assinaram o tratado os 9 países que possuem armas nucleares, 5 deles que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU: EUA, Rússia, China, França e Reino Unido, além de Índia, Paquistão, Israel e Coréia do Norte.

Os EUA não assinaram o tratado, pois, segundo a embaixadora na ONU, pois “é preciso ser realista”, e a França disse que o tratado é “irresponsável” (https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2017/03/27/interna_internacional,857527/eua-lideram-oposicao-na-onu-a-tratado-para-proibir-armas-nucleares.shtml) . Isso torna a assinatura do tratado muito mais simbólica do que efetiva, que dificilmente conseguirá evitar um conflito nuclear.

Um outro concorrente ao Nobel da Paz também tratava da questão nuclear: diplomatas americanos, europeus e iranianos, que garantiram um acordo que livrou em 2016 o Irã de duras sanções econômicas (como o bloqueio de 100 bilhões de dólares no exterior, a proibição de exportação de petróleo do Irã e certos negócios estrangeiros no pais) ao cumprir uma série de acordos que provasse o uso pacifico de seu programa nuclear

Porém, em 13 de Outubro, o presidente americano Donald Trump decidiu não renovar o acordo com o Irã, pois acusa o pais de tê-lo violado no sentido de desenvolver armas nucleares. Os outros países que assinaram o acordo, entre eles Reino Unido, França, Alemanha e Rússia, condenaram a atitude americana.


Apenas uma coisa funcionará! – As ameaças cada vez maiores dos EUA

No sábado passado, 7 de Outubro, um dia depois do anúncio do Prêmio Nobel da Paz, Trump ameaçou mais uma vez  a Coréia do Norte. Ele tuitou as seguintes mensagens:

 
Os presidentes anteriores e suas administrações conversaram durante 25 anos com a Coréia do Norte, ... acordos (foram) violados (pela Coréia do Norte) antes da tinta secar, fazendo os EUA de idiotas. Desculpe, mas apenas uma coisa funcionará!
Uma seguidora de Trump respondeu: “Você está ameaçando a Coreia do Norte com uma guerra de novo através do Twitter?”

Essa ameaça acontece depois de Trump dizer, em seu primeiro discurso na Assembleia da ONU, em Setembro, que “destruirá completamente a Coréia do Norte” se for ameaçado (https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/09/19/em-seu-1-discurso-na-onu-trump-ameaca-destruir-completamente-a-coreia-do-norte.htm).

Antes disso, no começo de Agosto, quando se completaram os 72 anos do lançamento das bombas de Hiroshima e Nagasaki, que matou 250 mil japoneses, Trump ameaçou a Coreia do Norte com “fogo e fúria como o mundo jamais viu” (https://g1.globo.com/mundo/noticia/trump-promete-fogo-e-furia-a-coreia-do-norte-caso-ameacas-continuem.ghtml).

Os exercícios militares dos EUA com a Coréia do Sul e o Japão

O discurso belicista e ameaçador de Trump vem acompanhado de uma série de manobras militares dos EUA, Coreia do Sul e do Japão próximo à Coréia do Norte. Essa região é o destino de mais da metade do orçamento anual do Departamento de Defesa americano (de 600 bilhões de dólares), e conta com quase 30 mil soldados americanos na Coreia do Sul, 50 mil no Japão e mais 5 mil da ilha de Guam, território americano ao sul do Japão (https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2017/08/11/interna_internacional,891291/a-forca-militar-dos-eua-para-enfrentar-a-coreia-do-norte.shtml).

O maior deles aconteceu entre 21 e 31 de Agosto, em um exercício militar entre Coreia do Sul e EUA que acontece todos os anos desde 1976 conhecido como Ulchi Freedom Guardian. Este ano, além de outros sete países, 50 mil soldados sul-coreanos e 17,5 mil soldados americanos participaram da maior simulação computadorizada de guerra do mundo, cujo principal alvo é a Coreia do Norte (https://g1.globo.com/mundo/noticia/coreia-do-sul-e-eua-iniciam-exercicios-militares-apos-escalada-de-tensao-com-pyongyang.ghtml)


 O mais recente desses exercícios aconteceu em 10 de Outubro, quando pela primeira vez foi realizado um exercício militar americano noturno com a Coréia do Sul e o Japão, em que dois bombardeiros sobrevoaram a península coreana, numa clara provocação ao regime norte-coreano.

 

As provocações da Coréia do Norte

As ameaças de Trump se dão em meio a uma série de testes nucleares e de lançamento de mísseis da Coréia do Norte. Em Julho, o regime norte-coreano conseguiu pela primeira vez lançar com sucesso dois mísseis balísticos intercontinentais, que podem alcançar a costa leste dos EUA.

 

No começo de Agosto, os EUA confirmaram que a Coréia do Norte possui a capacidade de miniaturizar uma ogiva nuclear e acopla-la a um míssil (http://internacional.estadao.com.br/blogs/radar-global/historico-de-provocacoes-da-coreia-do-norte/).

Um dos momentos mais tensos aconteceu no começo de Setembro, quando a Coréia do Norte anunciou seu bem sucedido teste de uma bomba de Hidrogênio (de fusão do mais leve elemento químico, o Hidrogênio), muito mais potente que uma bomba nuclear tradicional (de fissão de um elemento pesado, como o Urânio ou o Plutônio) que poderia ser também acoplada ao um míssil intercontinental.


 

Apesar do regime nacionalista e reacionário de King Jong-un, todos os testes de misseis balísticos intercontinentais e bombas nucleares da Coréia do Norte possuem um caráter defensivo.

Em 2002, um relatório publicado pelo Pentágono, intitulado “Revisão da postura nuclear”, mostrou que o governo Bush elaborou planos para o uso de armas nucleares e expandiu a lista de países alvo de possíveis ataques: além da Rússia e China, incluiu o Irã, a Coreia do Norte e a Síria, onde hoje existe um sangrento conflito com a presença americana, que passaram a ser incluídos no que o presidente americano chamou de “eixo do mal”.

Estavam também incluídos na lista Iraque e Líbia, países que foram invadidos pelos EUA e uma série de outros países membros da OTAN em 2003 e 2011, respectivamente.

O Iraque foi invadido sob o pretexto de possuir armas de destruição em massa, o que se mostrou ser uma mentira. A real intenção dos EUA ao invadir o Iraque era outra: assegurar o controle de suas enormes reservas de petróleo, a quinta maior do mundo (http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2015/07/os-10-paises-com-maiores-reservas-de-petroleo.html).


Hoje, os EUA possuem a maior e mais moderna forças armadas do mundo, com quase 7.000 ogivas nucleares. Já a Coreia do Norte, apesar de seus mais de 1 milhão de soldados, possui aparelhos de guerra antigos, muitos deles da antiga União Soviética, e menos de 15 ogivas nucleares (https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/08/10/qual-e-o-arsenal-nuclear-dos-eua-que-trump-se-gaba-ao-ameacar-os-coreanos.htm).


 Assim, o programa nuclear norte-coreano é a única coisa hoje que garante que esse pais ainda não tenha sofrido o mesmo destino do Iraque, da Líbia e da Síria.

Além disso, a Coreia do Norte ainda guarda na memória os horrores da Guerra da Coreia (1950-3), quando 2 milhões de civis norte-coreanos (20% da população) foram mortos pelas forças armadas americanas e suas principais cidades destruídas.

Nesse conflito, os EUA lançaram sobre a península coreana mais bombas e napalm do que em toda a Segunda Guerra Mundial contra os japoneses. Antes de ser demitido pelo presidente Truman, o general MacArthur, que comandava as forças armadas na península coreana, queria jogar entre 30 e 50 bombas atômicas sobre os norte-coreanos (https://theintercept.com/2017/05/03/por-que-os-norte-coreanos-nos-odeiam-por-um-motivo-eles-se-lembram-muito-bem-da-guerra-da-coreia/).


Por que a Coréia do Norte?

Não houve um acordo de paz entre as Coreias depois da Guerra da Coreia, apenas um cessar fogo. Ou seja, mesmo depois de quase 65 anos, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul ainda estão em guerra.

Lutaram na Guerra da Coréia, de um lado, a antiga União Soviética, a China e a Coréia do Norte; do outro, EUA, as forças militares da ONU e a Coréia do Sul.

Hoje, substituindo a União Soviética pelo maior país que compôs o bloco, a Rússia, essas mesmas potências se vem de lados opostos num eventual conflito entre EUA e Coréia do Norte. Como aconteceu durante a Guerra da Coréia, o principal alvo dos americanos não são a Coreia do Norte, mas a China e a Rússia.

Ou seja, as ameaças diretas dos EUA à Coreia do Norte são ameaças indiretas à China e à Rússia.

Desde o fim da União Soviética, os EUA estão compensando seu cada vez menor poder econômico no mundo com guerras: além dos 16 anos da guerra no Afeganistão, o conflito mais longo dos EUA, os americanos estão em guerra no Iraque desde 2003, na Síria desde 2011, cujo momento mais tenso aconteceu em Abril quando os EUA bombardearam pela primeira vez uma base aérea síria, e em alguns países africanos.


 

Porém, a maior ameaça ao poder econômico americano é a China, a segunda maior economia do mundo, atrás dos EUA.

Em 2013, a China ultrapassou os EUA e se tornou o pais que mais exporta mercadorias do mundo.

 

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os EUA, e hoje também é o maior parceiro comercial das principais economias da América Latina, como a argentina e a venezuelana.


Para tentar compensar o crescente poder econômico chinês, o governo Obama realizou o que ficou conhecido como o “giro para a Ásia”, que culminou com a assinatura do Tratado Transpacífico (TTP) em 2015, um acordo comercial entre EUA e 10 paises de ambos os lados do Oceano Pacifico, incluindo Japão, Australia, Chile e Peru.

Porém, o TTP tinha o objetivo de, além de tentar isolar a China economicamente, isolá-la politicamente.
  

Com a chegada de Trump ao poder, os EUA passaram a ter uma postura muito mais agressiva em relação à China. Uma das primeiras medidas de Trump foi retirar os EUA do TTP.

 

Há alguns anos, Trump vem acusando a China de práticas ilegais no comércio exterior e de roubar as fábricas e os empregos americanos.


Antes de assumir a Casa Branca, em Dezembro de 2016, Trump já havia provocado a China ao ligar para a presidente de Taiwan. Isso contrariou quase de 40 anos de politica diplomática dos EUA, que consideram Taiwan como parte da China.

 

Assim, o alvo principal das ameaças de Trump não é a Coreia do Norte, mas a China.

E se uma guerra entre os EUA e a Coréia do Norte começar?

Cada vez mais, os jornais do Brasil e do mundo descrevem o cenário de uma possível guerra entre EUA e Coreia do Norte. No dia 1 de Outubro, o Estadão publicou o seguinte:

Um conflito na Península Coreana seria grande, destruidor e envolveria diretamente, além dos exércitos de Pyongyang, ao norte, e de Seul, ao sul, também as forças do Japão e as do Comando do Pacífico dos Estados Unidos, mobilizando cerca de 2,4 milhões de combatentes.

A luta começaria pelo ar, à noite, com intenso emprego de bombas guiadas eletronicamente e de vários tipos de mísseis, alguns deles de grande porte e médio alcance, mas sem cargas nucleares – ao menos na primeira fase. De acordo com uma análise do Centro de Estudos da Defesa da Universidade de Georgetown, só nas 24 horas seguintes haveria de 64 mil a 75 mil mortes. Na primeira semana, o número de baixas poderia superar os 300 mil. Em um mês, seriam cerca de 2 milhões, civis e militares. A população das duas Coreias soma 76,8 milhões de habitantes.

Do lado dos EUA, portanto, estariam Japão e Coréia do Sul, os aliados militares dos americanos na região desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Desses países, apenas os EUA possuem armas nucleares.

A China, o principal parceiro comercial e politico da Coreia do Norte, por sua vez, já declarou que, se os EUA atacarem primeiro, defenderá a Coréia do Norte.


Já a Rússia, recentemente estreitou os laços com a Coréia do Norte, mesmo depois das sanções impostas pela ONU, e no começo de Outubro ofereceu à Coreia do Norte uma outra conexão à internet, o que dificultaria um ataque cibernético dos EUA durante uma possível guerra (https://www.tecmundo.com.br/seguranca/122692-russia-oferece-conexao-internet-coreia-norte-ddos-eua.htm). Isso aconteceu depois dos EUA lançarem um ataque de navegação à agência de espionagem da Coreia do Norte e cortar o acesso à internet desse pais, alimentado anteriormente apenas pela China (https://www.tecmundo.com.br/seguranca/122616-ciberguerra-eua-atacam-coreia-norte-ddos.htm).

A China e a Rússia, que fazem fronteira com a Coreia do Norte, recentemente enviaram milhares de soldados para a fronteira norte-coreano.


Tudo leva a crer, portanto, que a China e a Rússia estariam do lada norte-coreano, como aconteceu há quase 65 anos na Guerra da Coreia. Assim como os EUA, ambos os países possuem armas nucleares.

Assim, teríamos, de um lado, Japão, Coreia do Sul e EUA. Do outro, Coreia do Norte, China e Rússia. Provavelmente algum pais europeu também se envolveria no conflito do lado americano (o principal aliado americano no continente, o Reino Unido, possui também armas nucleares, assim como a França).

Ou seja, um conflito entre EUA e Coreia do Norte envolveria muitos dos países que lutaram nas Guerras Mundiais do século passado, agora com milhares de ogivas nucleares à disposição de ambos os lados.

Existe a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial Nuclear?

Durante a Guerra Fria, uma guerra nuclear entre EUA e União Soviética não aconteceu por causa de uma doutrina conhecida como Destruição Mútua Assegurada (MAD, sigla em inglês). Segundo essa doutrina, uma guerra nuclear entre EUA e União Soviética levaria a destruição das duas potências.

Em 1981, um relatório do governo de Ronald Regan descartou a MAD, revertendo anos da politica que impediu uma guerra nuclear. Isso significou assegurar aos EUA superioridade militar estratégica que poderia levar a uma vitória contra a então URSS.

Assim, ao contrário do que aconteceu durante a Guerra Fria, a possibilidade dos EUA saírem vitoriosos de uma guerra nuclear é cada vez mais uma posição dominante no círculo estratégico militar americano.

E os EUA estão se preparando para isso. Por isso, também, as ameaças cada vez maiores de Trump à Coréia do Norte.

Em 2016, o governo Obama realizou uma expansão de seu programa nuclear. Segundo o relatório do Instituto de Pesquisas da Paz Internacional de Estocolmo, os EUA planejam gastar 348 bilhões de dólares entre 2015 e 2024 para manter e renovar seu aparato nuclear, com a possibilidade desse investimento chegar a 1 trilhão de dólares em 30 anos.

Com a chegada de Trump ao poder, depois de anos em queda, o orçamento militar dos EUA promete aumentar, inclusive seu em seu programa nuclear.

 

Nenhum pais gasta tanto dinheiro em um programa nuclear sem pensar na possibilidade de utilizar suas armas.

O mundo, portanto, está à beira de uma Terceira Guerra Mundial nuclear.

Quais seriam as consequências de uma guerra nuclear?

Em 1990, o astrônomo e divulgador cientifico Carl Sagan e outros cientistas publicaram livro Inverno nuclear: as mais importantes pesquisas sobre o mundo após a guerra nuclear.


Depois de estudarem as tempestades de areia em Marte e sua influência sobre a temperatura na superfície do planeta, esses cientistas se perguntaram: o que poderia causar alguma coisa parecida sobre a Terra? Eles, então, encontraram duas respostas: erupções vulcânicas e um guerra nuclear.

Modelos atmosféricos simples nos anos 80 mostraram que uma guerra nuclear produziria tanta poeira e fuligem que bloquearia a luz do sol que chega à superfície da Terra. As temperaturas alcançadas poderiam ser menores do que aquelas no auge da Era do Gelo, há 18.000 anos, o que deixaria a Terra inabitável.

Em 2007, estudos mostraram que uma guerra entre Paquistão e Índia, com um total de 100 bombas nucleares detonadas, poderia produzir tanta fuligem e fumaça que criaria as temperaturas mais baixas nos últimos 1.000 anos. Isso diminuiria a produção de arroz, milho e outros grãos por muitos anos, o que deixaria 2 bilhões de mortas de fome. Já uma guerra nuclear entre os EUA e a Rússia poderia deixar a agricultura impraticável por 10 anos, condenando a maioria das pessoas a morrer de fome.

Esse estudo também mostrou como a fumaça quente das explosões nucleares produziria uma perda de ozônio de 20% a 50% em regiões densamente povoadas no hemisfério norte. Com isso, uma pessoa no verão ao meio-dia poderia ter queimaduras de sol dolorosas em menos de seis minutos.

Porém, à medida que a necessidade dos EUA de contrapor sua perda de hegemonia mundial aumenta a possibilidade de uma guerra nuclear, as consequências do inverno nuclear são cada vez mais subestimadas e silenciadas.

As reações a esses estudos existiram desde o inicio, com argumentos que diziam que a quantidade de fuligem que seria lançada para a atmosfera tinha sido superestimada, pois metade da fumaça na atmosfera seria trazida de volta para a superfície através de chuvas. Uma massiva campanha na mídia americana para divulgar o que ficou conhecido como “outono nuclear” foi realizada contra a teoria do inverno nuclear.

Os cientistas foram pressionados a parar as pesquisas relacionadas ao inverno nuclear porque o dinheiro era sempre cortado, uma maneira de silenciar a comunidade cientifica. Ao contrário de serem reconhecidos por revelar os efeitos perigosos de uma guerra nuclear, esses cientistas foram perseguidos.

Em 2006, foi publicado um artigo na revista Foreign Affairs com o titulo “The rise of nuclear primacy”, de Keir Lieber e Daryl Press, que levantava a possibilidade dos EUA lançarem um primeiro ataque sobre a Rússia e ela não conseguir retaliar. Assim, para eles, os EUA poderiam “ganhar” uma guerra nuclear se atacassem primeiro.

Porém, e se a Rússia retaliasse um ataque nuclear americano?

Os EUA e a Rússia possuem cada um 1.000 misseis nucleares de pelo menos 100 kilotoneladas para serem lançados entre 2 e 15 minutos. São cerca de 9 minutos para um míssil nuclear de um submarino atingir a Rússia.

Os dois países possuem 3.500 armas nucleares que podem ser detonadas em uma hora, além de mais 4.600 prontas para serem usadas. Há uma grande chance de grandes cidades serem alvos de mísseis nucleares. Os EUA possuem mais de 300 cidades com mais de 100 mil habitantes, e a Rússia mais de 200 cidades.

Provavelmente 30% da população russa e americana seria morta na primeira hora de guerra. Poucas semanas depois, a ação radioativa das bombas mataria 50% ou mais da população.

A cada vez maior possibilidade de uma guerra mundial é também a possibilidade da morte de bilhões de vidas humanas e de uma destruição irreparável da natureza, inclusive com a possibilidade de se aniquilar a vida na Terra.


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