Em 17 de Setembro, o New York Times, o jornal de maior circulação nos EUA, publicou um vídeo sobre a transformação da dieta do brasileiro pelo cada vez maior alcance de comidas ultraprocessadas.
Segundo a reportagem, empresas de comida multinacionais estão expandindo seus
mercados através da venda de comidas ultraprocessadas.
No Brasil, a venda desses produtos mais do que dobrou em 10
anos, e alcançou as partes mais remotas do pais.
Pela primeira vez na história moderna, temos mais obesos do
que adultos abaixo do peso no mundo.
O maior alcance de comidas com alta calorias e com poucos nutrientes vem acompanhada de um aumento de doenças crônicas. Críticos dizem que esse fenômeno é impulsionado por campanhas agressivas de marketing nos países em desenvolvimento.
O maior alcance de comidas com alta calorias e com poucos nutrientes vem acompanhada de um aumento de doenças crônicas. Críticos dizem que esse fenômeno é impulsionado por campanhas agressivas de marketing nos países em desenvolvimento.
No Brasil, o número de obesos aumentou 60% em 10 anos,
tornando 20% da população brasileira obesa, ao mesmo tempo que cresceram os
índices de diabetes e hipertensão.
Foram entrevistados para essa reportagem o professor Carlos Monteiro, da Faculdade de Saude Pública da USP, e o diretor da Nestlé, Sean Wescott. Leia a seguir trechos das falas dos dois entrevistados.
“Comidas ultra processadas, como refrigerantes, doces e
salgadinhos, e muitas refeições “prontas”, não são comidas, mas criações da
indústria alimentícia”, diz Carlos Monteiro, professor de saúde publica da USP.
“O vetor da obesidade” são as comidas ultra processadas. A
obesidade está crescendo em todo o mudo. No Brasil, temos todo o ano um milhão
de novos obesos.”
“No Brasil, a dieta tradicional está sendo substituída por
comidas ultra processadas.”
“A Nestlé e outras empresas estão indo para pequenas vilas e
conseguir novos clientes.”
“O sucesso dessas grandes empresas alimentícias terá sua
contrapartida: a destruição da diversidade alimentícia.”
“Estamos vivendo uma transição no Brasil. Quando a transição
for realizada, será muito mais difícil para voltar atrás.”
“Eu acredito no que estamos fazendo na Nestlé, onde
utilizamos a ciência e a tecnologia para melhorar a natureza, não substitui-la.
“Estamos quase nesse período utópico em que a comida é
abundante, é barata.”
“Nós resolvemos o problema de segurança alimentar, mas, como
isso, não prevíamos qual seria seu impacto”, diz Sean Westcott, da Nestlé.
“Agora, procuramos reduzir o sal e as gorduras saturadas.”
“À medida que os consumidores aumentam seu poder aquisitivo,
seu estilo de vida muda. Nós oferecemos uma escolha muito boa para eles.”
“No final das contas, tudo se resume ao sabor da comida.”
Porém, as palavras do diretor da Nestlé contrastam com a
realidade de muitos países do mundo, incluindo os mais ricos.
Hoje, o mundo vive um enorme dilema: ao mesmo tempo que aumenta cada vez mais o número de pessoas obesas, cresce a insegurança alimentar, ou seja, a possibilidade das pessoas passarem fome.
A crise econômica mundial aumenta o desemprego, reduz salários, aumenta o preço dos alimentos, aumenta a desigualdade social, a pobreza e a disparidade no consumo de alimentos em função da classe social.
"A combinação de preços
altos, conflitos e condições climáticas extremas aumentaram o número de pessoas
afetadas pela fome no mundo para 108 milhões em 2016, segundo um relatório
elaborado pela ONU e pela União Europeia (UE) e publicado nesta sexta-feira.
Esse total representa um aumento de 35% das pessoas que enfrentam uma
"insegurança alimentar grave", cujo número era estimado em 80 milhões
em 2015."
"Após uma trajetória
de queda, que durou mais de uma década, a fome em todo mundo parece estar
aumentando de novo, afetando atualmente 11% da população mundial, segundo o
relatório. Enquanto em 2015 o
número de pessoas subalimentadas no mundo era 777 milhões, agora o problema
alcançou 815 milhões de pessoas."
Nos EUA, o país mais rico do mundo, cerca de 48 milhões de americanos sofrem de
insegurança alimentar. Desses 48 milhões, 9,8 milhões são idosos, dos quais 550 mil passam fome. Desde 2001, aumentou em 37% a insegurança alimentar dos idosos americanos.
A insegurança alimentar aumenta no mundo, mas não por causa da falta de alimentos. É necessário um amplo programa de combate à fome em todo o mundo, além de um programa que aumente o consumo de alimentos nutritivos, de baixas calorias, combatendo a obesidade e todas as doenças relacionadas a ela.
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