Os 70 anos das bombas de Hiroshima e Nagasaki

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Há 70 anos, a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim com o lançamento das bombas atômicas pelos EUA sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A Alemanha e a Itália, aliados do Japão, já haviam se rendido e apenas os japoneses continuavam em guerra. Para forçar sua rendição, EUA e URSS avançavam sobre o país.


Em 6 de agosto, o bombardeiro B-29, dos EUA, lançou uma bomba atômica sobre cidade de Hiroshima. A enorme explosão, equivalente a cerca de 13.000 toneladas de TNT, matou em algumas horas 80.000 pessoas, o mesmo que 30% da população, deixando a cidade devastada. A temperatura da explosão atingiu 4.000˚C, incinerando tudo num raio de 1,5 km, e uma onda de choque destruiu prédios a 2 km do hipocentro. As pessoas mais distantes da explosão sofreram queimaduras severas de terceiro grau por todo o corpo. Três dias depois, em 9 de Agosto de 1945, os EUA lançaram outra bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki, matando mais 40.000 pessoas.




Apesar da explosão ter matado um número enorme de pessoas, a maioria das vítimas morreu semanas e meses depois, tanto pelos ferimentos causados pela explosão, quanto pelos efeitos da radiação emitida, principalmente raios gama. Estima-se que tenham morrido entre 200.000 e 350.000 pessoas nos quatro meses seguintes aos dois ataques. Nos anos seguintes, as vítimas de leucemia e outros cânceres aumentaram ainda mais o número de mortes. Para aqueles que sobreviveram, as cenas do desastre deixaram enormes traumas.



A decisão dos EUA de usar bombas atômicas sobre a população civil foi o mais terrível crime de guerra já cometido. A principal justificativa do presidente Harry Truman, repetida até hoje, foi que as bombas foram lançadas para “salvar vidas”. Forçando a rendição imediata do Japão, dizem, a destruição das duas cidades evitou uma invasão americana ao Japão, que resultaria entre 500 mil e 1 milhão de mortes de ambos os lados, segundo estimativas do governo americano. Porém, essas estimativas foram superestimadas e muitas evidências mostram que a guerra poderia terminar sem o lançamento das bombas e a invasão americana.

A marinha e a força aérea japonesas já tinham sido em grande medida destruídas durante a guerra e muito de sua indústria foi bombardeada pelos EUA. Eles já tinham demonstrado sua capacidade de destruição com o uso de dispositivos incendiários para espalhar ainda mais o fogo dos bombardeios. O bombardeio de Tóquio, em Março de 1945, por si só um crime de guerra sem precedentes, causou a morte estimada de 87.000 pessoas em apenas uma noite. Com isso, o Japão já acenava sua rendição.

O governo dos EUA tinham dois objetivos com o lançamento das bombas atômicas. O primeiro era que eles não queriam que a guerra terminasse em favor da URSS e , para isso, tentaram limitar sua influência no leste da Ásia antes que os soviéticos avançassem pela China em direção ao Japão. Isso porque, dois dias depois do lançamento da bomba sobre Hiroshima, em 8 de agosto, a URSS derrotou as tropas japonesas e invadiu a Manchúria, ocupada pelo Japão em 1931. Porém, mesmo com o cerco ao Japão aumentando, os EUA, três dias depois da bomba sobre Hiroshima e um dia depois da invasão soviética, em 9 de agosto de 1945, lançaram a bomba sobre Nagasaki. Isso mostrou a preocupação de Truman com o fato do Japão poder chegar a um acordo de paz com a URSS e não através deles próprios ou um país neutro, inclusive porque, desde o começo de Julho, o Japão já acenava com várias concessões à URSS para evitar que ela o invadisse. Assim, para assegurar sua dominação da Ásia e tornarem-se o pais hegemônico no pós-guerra, os EUA sacrificaram as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Depois da rendição do Japão, em 2 de setembro, os EUA passaram o controlar o território japonês.

O segundo objetivo para o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão era demostrar o poderio militar dos EUA e a possibilidade de usá-lo se assim fosse necessário. O primeiro teste da bomba atômica dos EUA aconteceu em 16 de julho de 1945, quando a Alemanha já tinha se entregado e não tinha conseguido construir sua própria bomba. Muitos cientistas trabalharam ou apoiaram o projeto Manhattan, que construiu a bomba dos EUA, em oposição à Hitler e ao regime nazista, pois acreditavam que a Alemanha poderia construir a primeira  bomba atômica e, se assim o fizesse, as consequências seriam devastadoras. Com a rendição da Alemanha e o cientes de seu poder de destruição, os cientistas recomendaram que a bomba atômica fosse lançada sobre uma área desabitada. Porém, o governo dos EUA rejeitou essa proposta. O uso da bomba em um lugar desabitado demonstraria o poder da bomba atômica, mas não a vontade dos EUA em demonstrar esse poder. Os EUA não queriam que a guerra terminasse sem que pudessem usar a bomba atômica.

Com os lançamentos das bombas atômicas sobre o Japão, os EUA mostraram que um presidente democraticamente eleito poderia usar a bomba tanto quanto o ditador nazista, apagando a diferença entre eles, supostos representantes da democracia, e os nazistas, representantes do fascismo. O mais grave foi que o lançamento das bombas aconteceu contra a população civil em cidades que não tinham condições de se defender do ataque.

Antes da Segunda Guerra Mundial, qualquer um poderia imaginar que o uso de uma bomba atômica só seria usada nas condições mais desesperadoras. O uso das bombas atômicas pelos EUA, o único país a usar uma bomba atômica contra a população civil, não aconteceu por razões militares, mas por razões políticas e estratégicas contra a URSS. Se o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão foi determinante para a rendição do Japão e o fim da Segunda Guerra Mundial, elas marcam o início da Guerra Fria contra a URSS.

A possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial – Setenta anos depois das bombas atômicas sobre o Japão, as tensões geopolíticas e o perigo de uma Terceira Guerra Mundial estão crescendo, ao mesmo tempo que as consequências econômicas da crise financeira de 2008 aumentam.

Hoje, os EUA são a causa da desestabilização política do mundo. Desde o colapso da União Soviética, em 1991, Washington repetidamente recorreu ao seu poderio militar, seja no Oriente Médio, nos Balcãs ou na Ásia Central, para compensar seu declínio econômico. No último ano, suas ações assumiram um caráter ainda mais ameaçador, particularmente dirigidas à China e à Rússia.


Ao golpe fascista na Ucrânia, no ano passado, organizado pelos EUA e Alemanha, seguiu-se um crescimento das ações da OTAN na Europa do Leste numa clara provocação contra a Rússia, que aumentaram o risco de um conflito entre países com bombas nucleares. Na Ásia, a presença dos EUA em lugares como no Mar do Sul da China poderá levar a um confronto entre EUA e China.

Todas as potências imperialistas estão se preparando para a guerra. Alemanha e Japão estão cada vez mais deixando de lado as restrições do pós-guerra às suas forças armadas e remilitarizando-se. Ao mesmo tempo que isso acontece em aliança com os EUA, o imperialismo desses países possui interesses econômicos e estratégicos que podem leva-los a um confronto com os EUA.

Nesse quadro, existem inúmeros cenários que podem levar a uma guerra nuclear, desde uma invasão americana ao Irã até intervenções militares em pequenos países que podem fazer o conflito chegar à China, à Rússia ou a algum pais da Europa, todos com armas nucleares.


A Segunda Guerra Mundial terminou com o lançamento de bombas atômicas. Uma Terceira Guerra Mundial necessariamente envolveria o uso de bombas atômicas muito mais destruidoras que as usadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Com planos de investir US$ 1 trilhão nos próximos 30 anos em seu arsenal militar e em seu sistema de lançamento, o imperialismo americano mostra sua determinação em aumentar sua supremacia nuclear.

As catástrofe de Hiroshima e Nagasaki nunca serão esquecidas. A lição a ser tirada do lançamento das bombas atômicas sobre o Japão, há 70 anos, é que os EUA , e todos os países imperialistas, não pararão sua busca para satisfazerem seus interesses, mesmo que isso ameace a sobrevivência humana.
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Vídeo da bomba de Hiroshima.

Vídeo da bomba de Nagasaki.


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